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O aspecto oculto de Perséfone

O que significa ser Rainha das Profundezas afinal?

Parte I: reconhecer a influência em você.


Perséfone é um arquétipo que influencia a psique feminina, algumas de nós temos essa regência como característica essencial de nossa energia e personalidade, enquanto outras vivenciam mais fortemente durante a juventude ou em momentos de transformação. De uma forma ou de outra, compreender e vivenciar esse arquétipo é fundamental na jornada feminina e de autoconhecimento, uma vez que ele carrega em si alguns dos mais preciosos saberes do ser mulher.

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Esta é a deusa da transmutação, conhecida como deusa da primavera e rainha do submundo. Embora possa parecer dual e até ambíguo essas duas facetas podem ser perfeitamente integradas através do caminho da transformação o qual percorre para apropriar-se inteiramente de si e, consequentemente, de suas características em plena força e capacidade.


Sua história começa como menina doce e inocente - korè: a deusa sem nome, porque sua identidade é absolutamente moldável e muito movida aos desejos e objetivos dos pais, especialmente da mãe. Em seu processo ela passa de filha complacente e submissa a um escancaramento de sua aparente falta de força tornando-se vítima do fatídico e sombrio evento, conhecido como o rapto de Perséfone (link). Embora pareça ser a mais frágil das criaturas, ela se transforma em poderosa rainha a partir desse trágico ocorrido.


Sua doçura esconde uma força e resiliência impressionante, já pararam para observar essa força em vocês?



A força de Perséfone na psique feminina

A força de Perséfone não é como coletivamente compreendemos a palavra força, normalmente associada a capacidade de destruir, resistir ou combater - forças de energia masculina - na verdade essa potência impalpável manifesta a capacidade de transformar, é a força alquímica e feminina de receber e mudar.

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Na mitologia ela aprende a viver nas profundezas, num lugar onde as maioria não sobrevive. O aspecto Perséfone na mulher representa vida até mesmo onde a morte impera.

“Embora a primeira experiência de Perséfone com o submundo foi como uma vítima de sequestro, ela se transforma depois em rainha do submundo e uma guia para outros que visitam esse mundo. Isso significa que não apenas ela foi capaz de sobreviver ao submundo mas ela passa a governá-lo e guiar outros nesse espaço.” Ayesha Faines


Etapa 1 da jornada

Se as pessoas e os relacionamentos são um grande tema na sua vida, se você se sente bem e preenchida em se relacionar e se é capaz de flexibilizar sua vida e suas prioridades pelo prazer de estar ao lado de pessoas que ama, saiba, esse é um traço de deusa vulnerável. Isso é uma capacidade admirável que pode ser tanto uma potência quanto uma sombra, uma vez que isso é algo natural para nós é também muito fácil tornar-se refém disso. A primeira parte da jornada de Perséfone nos convida a refletirmos sobre isso.


Quanto das nossas escolhas e ações são tomadas de maneira inconsciente? Como o apego influencia negativamente? Quanto das suas escolhas são realmente suas ou ocorrências da sua vida? Você está agindo de forma consciente e auto responsável ou reproduzindo crenças e padrões?

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A jornada - não apenas de Perséfone, mas de todas as deusas vulneráveis e em muitos casos da deusa alquímica também - consiste em encontrar o poder dentro de si mesma, de libertar-se de prisões tão fortes que, ironicamente, nem notamos estarem ali. E, se pararmos para pensar, existe prisão mais forte e eficaz que aquela que não percebemos ser uma prisão?


Mulheres que se sentem preenchidas pelas relações humanas têm uma grande tendência de se perder no outro, não apenas pelo impulso de se relacionar, mas também porque foram socializadas assim por séculos. É conveniente e cômodo ser ‘vulnerável’ (quando isso é natural para você) a tal ponto de não percebermos as invasões, violações e toxicidades e essa é a primeira armadilha que precisamos driblar.


A jornada para coroar-se rainha, em primeira instância significa buscar consciência e auto responsabilidade.



Meu primeiro mergulho às profundezas

Comigo foi assim, eu me casei (dá primeira vez, rs) relativamente jovem, logo que me formei na faculdade. Eu tinha essa ânsia de casar (encontrar um príncipe encantando… clichê, eu sei), construí uma ideia na minha cabeça de como a minha vida tinha que ser e agi de acordo.



Hoje eu vejo que agi pelo inconsciente coletivo e pelos padrões familiares, pelo foco no externo, no que era esperado de mim (inclusive por mim mesma). Passei por cima de muitas coisas minhas (e nem percebi), também porque queria ser independente, sair da casa dos meus pais e não me julgava capaz de fazer isso por mim mesma (precisava da ajuda de um cônjuge).


Que atualização do mito, não? Me tornei vítima e novamente me vi dependente e deprimida. É por isso que é tão importante tomarmos consciência do inconsciente e do inconsciente coletivo, porque na inconsciência agimos por impulso, nos enganamos achando que agimos por nós mesmas, mas a verdade é que tudo conspira para estarmos desconectadas de nós mesmas.


Eu realmente espero que situações tão profundamente dolorosas não aconteçam na sua vida, afinal não é necessário reeditar os mitos para crescer. Mas, quero que saiba que, se elas já aconteceram, isso pode trazer transformações e aprendizados inclusive para que não se repitam.

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No meu caso o aprendizado foi enxergar a prisão que eu habitava e a ilusão que eu vivia pensando que sabia o que queria e quem eu era. Doeu, é verdade, mas a partir daí renasci para uma vida livre, mais autêntica, aprendi a me ouvir e a confiar mais em mim.


Percebi como é forte o impulso de agir para agradar ou para evitar o desconforto de desagradar. Eu observo isso em mim e em tantas outras pessoas. Todo mundo faz isso em algum nível, mas as vulneráveis se perdem perigosamente nisso.


Veja, o impulso de ser gostável não significa apenas se doar para uma relação, mas também se dissociar de nossos aspectos mais instintivos como a sexualidade, o instinto destruidor, a ação, a compreensão dos ciclos, a individualidade, das sombras da humanidade e - pasmem - do divino.


Depois dessa minha primeira descida ao submundo eu fui em busca da minha independência, de me entender, de saber o que eu realmente queria. Fiz um profundo trabalho de olhar para mim, me conhecer, viajei o mundo, experienciei muitas coisas, conheci muita gente… conheci muitos lugares e experienciei muita gente também… kkk …


Trabalhei para libertar meus instintos e descobri tanta coisa! E qual não foi uma das minhas grandes descobertas?! Eu queria casar. Era verdade então...



O processo de transformação não acontece uma única vez

E aí, acabou? Não! Eu dei um salto de libertação em minha vida, mas com essa conquista surgiram novos desafios, e hoje me vejo descendo ao submundo novamente.


A jornada de Perséfone é algo que ocorre de tempos em tempos na nossa vida, e na mitologia ela passa metade do ano na terra como deusa da primavera e a outra metade como rainha do submundo.

Não é que depois que passamos por um grande evento (muitas vezes traumático) nunca mais passaremos por nada. É só que, quando nos tornamos rainhas, não é mais traumático e cheio de sofrimento.

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Eu acredito que estamos aqui para nos transformarmos, aprendermos e evoluirmos e esse processo nem sempre é gostosinho. Muitas vezes dói libertar coisas e pessoas, mesmo que seja o melhor para nós, isso nos traz uma sensação de vazio, de desconforto.


Esses eventos porém, não precisam nos deixar sem chão, não precisamos nos tornar vítimas de nada nem de ninguém, isso significa perceber nossas emoções com maior clareza, sentir, ouvir nossa intuição e agir de acordo.

“A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional.” Tim Hansel

Então, até aqui sabemos que ser uma mulher influenciada pelo aspecto mais maduro e coroado de Perséfone significa, reconhecer e aceitar com leveza, resiliência e flexibilidade suas mudanças.


Essa é uma mulher que se abriu ao seu processo de transformação e não luta contra as mudanças, sabe se ouvir e não se tornar refém inconsolável de processos catastróficos. As tragédias não precisam mais fazer parte de sua vida porque ela está conectada com seu processo de transformação, está seguindo o fluxo, aceitou a ciclicidade a alquimia da vida.


Agora, como fazer isso? Quais são as armadilhas e percalços que podemos encontrar? Qual é a importância das sombras, porque as pessoas têm tanta dificuldade em lidar com elas e como Perséfone se torna condutora de almas no submundo?


São algumas das questões que pretendo trazer para a parte II desse texto. Em breve deusa!


As imagens são do Pinterest, você pode conferi-las na plataforma clicando nelas!


 
 
 

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Eu escrevo sobre o feminino e os arquétipos como ponte para o autoconhecimento e ferramenta de marketing para marcas e imagem pessoal.

 

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