Arquétipos femininos
- Mani Milani
- 10 de mai. de 2021
- 8 min de leitura
Atualizado: 1 de ago. de 2022
Uma ferramenta de desenvolvimento pessoal para mulheres no
mercado de trabalho (e na vida)
Essa semana mergulhei nos estudos de Jean Shinoda, que escreveu A nova psicologia das mulheres, no qual coloca a figura de deusas mitológicas como representantes arquetípicas dentro de cada mulher.
Temos sete arquétipos (ou deusas) que nos habitam, e a interação entre estes define nossas decisões, nossos traços de personalidade, nossos valores, nossa visão de mundo. Compreender a interação entre essas deusas em nós traz autoconhecimento, decisões conscientes, crescimento pessoal e preenchimento. Atraímos pessoas, prosperidade, criatividade através de nossa autenticidade expressa nessa combinação de arquétipos.
Escolhi compartilhar esse tema que acho fascinante com vocês aqui no Blog da Mani ao longo das próximas semanas. Acredito que para empreendedoras, líderes e mulheres que estão se questionando e buscando novas formas crescer e solucionar problemas, esse assunto é fundamental.
O texto de hoje apresenta esse paralelo entre arquétipos femininos e pontos que considero, como mentora de empresárias, indispensáveis de serem observados e desenvolvidos, que são:
Conhecimento de maiores possibilidades para a mulher no trabalho (e em sua vida na totalidade) que vão além daqueles papéis sociais tradicionalmente esperados, expandindo assim as nossas potências.
Entendimento das diferenças entre nós, permitindo assim uma maior harmonia no ambiente de trabalho e um gerenciamento de pessoas mais eficaz e feminino.
Clareza na visualização e valorização das múltiplas habilidades femininas, trazendo assim novas possibilidades para a solução de problemas e tomada de decisão.
Arquétipos
A palavra arquétipo se refere a um conceito estudado em psicologia, desenvolvido por Carl Jung. Hoje, 100 anos após ser publicada a teoria de Jung, esse conceito já foi interpretado e reinterpretado por diversos pesquisadores que complementam essa teoria tentando trazer para contemporaneidade ou adaptando para um objetivo específico.
Como, por exemplo, as pesquisadoras Margaret Mark e Carol S. Pearson, que aplicam o conceito de arquétipos às marcas, com o objetivo de trazer clareza, realidade e personalidade aos negócios e assim criar uma conexão verdadeira com seu cliente. Os arquétipos de marca mostram as pessoas e histórias que estão por trás das empresas e é com elas que nos conectamos de fato.
Outro exemplo dessa ressignificação é o trabalho de Jean Shinoda Bolen, que renova o olhar de Jung em relação aos arquétipos ativos na mulher e nos encanta com essas figuras mitológicas.
Então que, os arquétipos definem padrões humanos, porque carregam traços de personalidade, valores e visão de mundo. Memórias são evocadas quando entramos em contato com símbolos e narrativas que são universais.
Esses conceitos apelam para o imaginário em nosso inconsciente coletivo. Em outras palavras, nossas mentes recorrem àquele lugar onde armazenamos significados, sensações, padrões recorrentes.
Na prática, se eu te falar sobre a grande mãe, por exemplo, provavelmente imagens e sensações relacionadas a esse arquétipo virão: mulher, fertilidade, mãe terra, natureza... Essas perspectivas e códigos que compartilhamos como sociedade estão armazenadas no inconsciente de todos nós.
" The stories that we tell, tell us who we are." Carl Jung
(As histórias que contamos nos contam quem somos)
Narrativas que foram vividas ao longo da história da humanidade dizem muito sobre nós, não por acaso Shinoda explana figuras mitológicas que representam os diversos aspectos e características de nós mulheres.
Em suma, nós humanos manifestamos arquétipos, temos vários deles impressos em nós e este conceito ressoa profundamente conosco porque conversa com a nossa percepção de nós mesmos, nossas escolhas, nossas diferenças.
Meu momento A-HÁ
Na minha jornada pessoal, compreender os arquétipos femininos, ajudou a compreender a complexidade da natureza feminina e entender que sucesso para uma mulher vai muito além de apresentar metas alcançadas em uma planilha de Excel.
Eu percebi o imenso esforço que estava fazendo para agir de forma não natural. Era como se eu nutrisse um arquétipo que não era o meu, mas aquele que eu pensava que deveria ser meu, e isso me fazia gastar muita energia e sair do meu lugar. Com o trabalho de acolher o meu feminino, fui percebendo e permitindo que características mais femininas aflorassem e me alinhassem com a minha essência.
O tal do animus
‘Nós podemos ser como os homens, podemos competir de igual para igual.’
Sim, podemos. Já provamos isso. Mas será que essa ainda é a melhor forma de fazer? Será que estamos plenas dessa forma e usando o melhor de nós?
‘Nós podemos ser tudo e mais um pouco’.
Sim, também podemos. Mas será que realmente precisamos?
Na teoria do inconsciente coletivo, Jung descreveu o lado masculino nas mulheres como animus. Este é também um arquétipo no nosso inconsciente. Quando nos sentimos em situações difíceis que requerem que pensemos como um homem recorremos ao nosso animus.
Eu não sei de vocês, mas meu animus está exausto, de tanto que eu exigi dele, em especial na minha carreira.
Temos um lado masculino e ele precisa ser utilizado, mas eu não posso deixar de pontuar a minha sensação de que estamos usando ele como se fosse a única opção para nós, especialmente no trabalho.
Liderar com o arquétipo feminino ativo
Comunicação e conexão, por exemplo, são dons femininos, porém, nos moldes atuais, em especial no ambiente profissional, esse dom parece estar perdido, muitas vezes.
Na mentoria, acompanho o trabalho de líderes, donos e donas do próprio negócio e juntos resolvemos muitas questões que são ligadas a comunicação entre equipes. Minha experiência permite dizer que a chave para essa resolução é a empatia que é despertada ao ouvir - e entender - o referencial do outro.
Compreender as diversas facetas femininas também nos auxilia nisto, ou seja, perceber que diante de tamanha multiplicidade o que traz contentamento para uma pessoa, pode não trazer para outra.
Alguém (homem ou mulher, já que todos temos feminino em nós) que possui um time vai conseguir liderar muito melhor no momento em que permitir que seu lado feminino de conexão e empatia aflore e lhe mostre quais são as características individuais de cada membro da equipe e como trabalhá-las.
As 3 naturezas arquetípicas
Deusas virgens, deusas vulneráveis e deusas alquímicas
Meus últimos estudos se baseiam na elaboração da complexidade do feminino representado por 7 arquétipos e/ou deusas:
a Magnética amante Afrodite,
a Valente caçadora Ártemis,
a Sensata sábia Atenas,
a Nutridora mãe Deméter,
a Soberana rainha Hera,
a Sublime mística Héstia,
e a Pura moça Perséfone.
São 7 partes que compõem um todo dentro de cada uma de nós.
Shinoda divide as deusas em 3 grupos de semelhança: deusas virgens, vulneráveis e alquímica.
Aquelas que compõem o primeiro grupo, deusas virgens, representam as qualidades de independência e auto-suficiência nas mulheres. Neste grupo estão:
Ártemis, deusa da caça, arqueira infalível e protetora da prole de todas as coisas vivas.
Atenas, a melhor estrategista de batalhas, deusa da sabedoria e das habilidades manuais.
Héstia, sábia e auto suficiente deusa da lareira (do lar talvez, numa interpretação tupiniquim – a lareira aqui representa aquele sentimento gostoso que temos quando estamos sozinhas e aconchegadas em nós mesmas, talvez lendo um livro, sentindo a brisa no calor do verão, ou assistindo um Netflix debaixo das cobertas quentinhas no frio do inverno.)
O segundo grupo representa as qualidades femininas de sensibilidade, de estar sintonizada aos outros. As vulneráveis são deusas dos relacionamentos. Neste grupo estão:
Deméter, deusa da colheita, nutridora e mãe.
Hera, deusa do casamento e compromisso, e esposa de Zeus.
Perséfone, a receptiva jovem rainha do submundo (que aqui pode ser entendida como rainha das nossas próprias profundezas, nossa capacidade de imergir em nós mesmas e nos transformamos.)
O terceiro não é exatamente um grupo, já que Afrodite ocupa sozinha essa classificação de deusa alquímica. Afrodite é uma combinação de características das deusas vulneráveis e virgens, esse arquétipo nos estimula a buscar intensidade, valorizar o processo criativo e sermos receptivas às mudanças.
Na interpretação da pesquisadora Ayesha Fanes, todas nós temos Afrodite como uma força primária ou secundária em nossa combinação individual de deusas, isso porque, ela representa a energia essencial do amor.
Então se colocarmos todas essas deusas juntas elas disponibilizam para nós as forças de:
Independência, vontade, ligação com a natureza, estabelecer e atingir objetivos e metas, resgatar a feminilidade, resgatar a dignidade, purificação, caça, cura, entendimento, sabedoria, defesa, força, inspiração, vitória, luta, conhecimento, proteção, liberdade, escrita, ciência, artesanato, renovação, justiça, paz, estrategização, crescimento, nutrição, generosidade, gerar fartura e abundância, maternidade, manter compromissos, manter estabilidade, fertilidade, vitalidade, pureza, ordem, alegria, honestidade, buscar melhores soluções, conhecimento interior, renascimento, afastar o medo, força feminina, respeitar o tempo das coisas, inspiração, poderes extrassensoriais, amor, apreciar o prazer e gerar beleza, ser sensual, criatividade, ser receptiva, imaginar e intuir, fidelidade, apreciação da solidão, espiritualidade, formar alianças sólidas, autonomia e amizade.
Existe muito mais nessas deusas do que essa lista mostra, mas, quis colocá-la aqui porque penso que só de olhar para ela já fica a reflexão:
Será que estamos realmente usando da melhor forma todas as características disponíveis em nós?
Vivenciar os arquétipos das deusas de forma consciente faz com que as mulheres possam explorar suas múltiplas habilidades e - de uma forma intuitiva, instintiva, emocional, ou seja: feminina - permitir que essas características aflorem e percebam a maravilhosa sensação de voltar para casa.
Os atritos que podem surgir
No nosso reino interno nem todas as deusas têm o mesmo peso sempre. Até porque, as características de algumas são antagônicas às de outras e o que vai auxiliar nas nossas escolhas é reconhecer quais dessas deusas são predominantes para nós.
A hierarquia dessas deusas em nós vai ser responsável por nossas diferenças. Você já se deparou com a situação de acompanhar uma amiga em uma importante decisão e depois de muito debate ficar absolutamente horrorizada com a escolha dela?! Você aflita com todas as coisas que ela estará perdendo com essa escolha - e ela lá, plena.
Pois é, essa diferença entre vocês duas pode ser por conta de uma diferença de arquétipos ativos e predominantes em cada uma.
Também é possível que esses arquétipos estejam atuando em desequilíbrio e isso pode nos levar a fazer escolhas questionáveis (por nós mesmas), futuramente. As deusas em nós, podem nos tornar distantes emocionalmente, carentes, rancorosas, dependentes, manipuladoras, promíscuas, inconsequentes e depressivas. (ouch!)
Olha só: as deusas não são perfeitas! (Bônus aqui: se nem as deusas são perfeitas isso significa que você também não precisa ser 😊)
Estamos sempre tentando fazer o nosso melhor, mas é sempre importante lembrarmos que somos meras mortais. (e que mesmo se fossemos deusas haveriam grandes chances de estarmos perseguindo amantes de maridos por aí...)
A lista das dificuldades vem no pacote da multiplicidade. Por isso também, é importante, trabalhar esses arquétipos e trazê-los para consciência, dessa forma podemos entender a dinâmica arquetípica que ocorre em nossas mentes: quem conduz, em que momento e qual é a estrela da festa para então descobrir quais características e atributos são predominantes, fáceis e naturais. Também quais queremos deliberadamente cultuar naquele momento para equilibrar.
Só para concluir
Conhecer os arquétipos predominantes em nós mesmas nos dá pistas sobre o que precisamos fazer para nos sentirmos preenchidas e também quais são as dificuldades que podemos encontrar sob essa influência.
Identificar os arquétipos presentes nas outras pessoas facilita nosso relacionamento com elas, harmoniza a liderança porque traz empatia e nos faz compreender as diferenças.
E se agora você se pergunta: Ok Mani, mas como eu faço para saber meus arquétipos predominantes e como cultuar?!
Respondo-te: o primeiro passo é aprender sobre cada uma das deusas, esse contato já vai despertar em você algumas dessas características. Você vai sentir que algumas histórias ressoam muito com você e outras nem tanto, essa é a primeira pista para descobrir seus arquétipos predominantes.
E quem vai te ensinar sobre elas? Eu!
Compartilho com vocês meus estudos e percepções em profundidade aqui no blog. Você também pode encontrar a versão light no meu canal do YouTube liberta_deusa, e também em pílulas lá no meu Instagram @liberta_deusa.
Esse assunto é algo que me fascina e ainda tenho muito o que contar para vocês. Não vejo a hora de adentrar cada vez mais nas inúmeras possibilidades disponíveis, e pouco a pouco, com o auxílio das deusas, trazer clareza para as nossas questões pessoais e profissionais, afinal, uma não acontece sem a outra.
Acesse o Portal Liberta Deusa e receba os presentes que as deusas trazem através do um espaço de conteúdos exclusivos, videoaulas, práticas de ativação dos arquétipos, lives e textos rápidos que vão te auxiliar na sua jornada.

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